O banal (I)
Havia um rapaz que se refugiava no silêncio. Observava, sorria raramente, era possível arrancar-se-lhe um ou outro monossílabo, mas a maior parte do tempo apenas estava, existia. O seu sorriso raro era doce. Os seus olhos faiscavam de vida nesses momentos de cedência. As suas orelhas erguiam-se ligeiramente e uma pequena covinha desenhava-se-lhe em cada uma das faces. De imediato, corava e recolhia o seu queixo de encontro ao peito, enviesadamente; os seus olhos baixavam e chegava a dar um passo atrás. Era um sorriso curto. Acabava-se quando dele tomava consciência. Nesses momentos, apertava as mãos nervosamente e voltava ao silêncio.
Continuava a observar-nos, contudo.
Continuava a observar-nos, contudo.
1 Comentários:
Encantadora imagem de um sorriso tímido, reprimido. Será que a timidez lhe retira a autenticidade? Retirar, julgo que não retira. Contudo, de que serve um sorriso se ficar guardado, se não for partilhado, comunicado, se não tiver retorno? A ausência da partilha, resultante da timidez, não retira, mas banaliza a autenticidade de um sorriso...
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Anónimo, at 2:34 da tarde
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