O banal (II)
Era loira, bonita, olhos verdes. A sua beleza atraía-nos. Porte altivo, desfazia-se em atenções e simpatias quando lhe falávamos. Graciosa, disponível, amável. Precisava de nós. Era um reflexo que andava à procura do corpo que se ausentara do espelho. E nós éramos esse corpo. Só existia connosco, só fazia sentido connosco, e pedia-nos unicamente que estivéssemos ali, receptivos à sua simpatia. Pedia-nos só que não nos ausentássemos do espelho. De outro modo, morria, definhava, apagava-se. Nós agradecíamos reflexo tão vistoso, jovial, agradável, de corpo tão tosco.
Mas a sua necessidade de nós assustava-nos…
Mas a sua necessidade de nós assustava-nos…
1 Comentários:
Banalizando o meu comentário anterior... De que serve o belo se não houver alguém que o contemple, o aprecie, o valorize?... se não houver alguém que o materialize, transformando-o num momento de rara beleza, subtraindo-lhe a sua banalidade...
Adoro ler-te; continua a escrever textos tão preciosos quanto este!
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Anónimo, at 2:48 da tarde
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