Cem Anos

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Como lhe havia prometido

Fui ter contigo. As minhas expectativas não eram elevadas, mas estava naturalmente curioso: como serias, rir-te-ias como ela, serias mais bonita, serias tão divertida?

Vi-te e não eras tão bonita como ela. Não tinhas o seu sorriso, não tinhas o seu charme natural. Começámos a falar e pareceste-me divertida, simpática. Infelizmente, não eras tão divertida nem tão simpática (nem tão querida) como ela.

Comecei desde logo a pensar numa forma de me escapar, de dizer que tinha sido um engano, de inventar uma desculpa para sair dali. Eu sabia que a culpa não era tua, o problema era meu, exclusivamente meu. Comecei a ficar cada vez mais desconfortável, não aguentava ter de continuar com aquela pequena farsa. Tu falavas e eu ia acenando, sorrindo aqui e ali, dizendo qualquer coisa em concordância. Mas a pensar, sempre a pensar, isto foi um erro, não deveria ter vindo, quero ir-me embora.

Julgo que acabaste por te aperceber do meu desconforto. Presumo que também tenhas ficado desconfortável, mas era difícil encontrar uma saída airosa para a situação. Tínhamos combinado encontrar-nos para lanchar, talvez irmos ao cinema de seguida. Ainda não tínhamos começado a lanchar e já estávamos os dois desconfortáveis, mas o que fazer? Inventar uma desculpa? Arranjar um pretexto para sair? Sim, mas qual?

Não tive pena por ti; tu pareceste-me uma pessoa independente, de personalidade marcada e bastante agradável. Sabia que algo de bom te estaria reservado. E sabia que eu não era isso.

Tive pena por mim. Continuava cativo dela.

Para sempre dela (como lhe havia prometido).

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