Cem Anos

terça-feira, maio 23, 2006

Falhámos nós... falhamos nós

Queria que fosse possível começar de novo. Queria abrir a janela pela manhã, aspirar o ar fresco, observar a verdura dos prados, acompanhar o voo das andorinhas, ouvir o riso das crianças que brincam e queria começar de novo.

Queria olhar-te nos olhos e esquecer agruras, amarguras, zangas, amuos e ressentimentos. Queria enterrar dores, memórias que ferem, omissões que cortam momentos de alegria, queria esquecer traições, desilusões e começar de novo.

Começar um novo dia, começar uma nova vida. Queria que pudéssemos recomeçar do último sorriso cúmplice, do último pensamento partilhado, do último riso sincero. Recomeçar do tempo em que éramos bons, éramos crédulos, éramos francos, éramos nós. Novo dia, nova vida.

Apagar com uma esponja as horas de dúvida, as horas de desistência, os minutos de raiva, os momentos de desespero. Apagar com uma esponja a falta de esperança, a falta de paciência, a falta de fé em nós. A falta de vontade. A falta de força. A falta de tolerância. A nossa falta.

E começar de novo.