Cem Anos

sábado, abril 03, 2010

Amor lindo

Vai, meu amor lindo, e abre essa janela de par em par,
Derruba mais este excessivo muro tenebroso;
Acolhe-me com calor no teu amplexo singular,
Concede-me ser o enamorado mais orgulhoso.
Destrói essas incómodas construções maniatantes,
Faz luz sobre a sobranceira escuridão que nos cerca.
Seremos para sempre ricos eternos amantes,
Sem espaço nesta praça faustosa em que se merca
A mesquinhez com as sensibilidades prendidas.
Como sinal, iremos desfilar de girassol,
Construiremos elegantes ruas e avenidas,
Caminharemos até chegarmos ao pôr-do-sol.
Este é o nosso caminho que assim marcamos na lama,
Mas também na paisagem verde ou na areia dourada.
Percebemos, contudo, que nem sempre a vida aclama
Aqueles por quem é mais verdadeiramente amada.

Vai e abre essa janela de par em par, ó meu amor lindo.
De qualquer modo, teremos realmente arriscado:
Não caminhámos até aqui lamentando e carpindo,
E teremos caminhado sempre lado-a-lado.